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O Mercado de trabalho brasileiro e a Quarta revolução industrial

  • Igor Paim
  • 28 de nov. de 2016
  • 3 min de leitura

* O presente texto é baseado em pesquisa feita pelos alunos Igor Paim, Gabriel Passos, Carina Cristina, Helder Zamba, Samyr Lucas, para o projeto de Iniciação Científica.

Observando a história, vemos que mudanças drásticas no mercado de trabalho geram, inevitavelmente, mudanças na dinâmica da sociedade. Já passados dois séculos desde a transição do motor a vapor para a produção em massa, o processo de industrialização passou por outras duas revoluções: uma no final do século XIX, baseada na energia elétrica e divisão do trabalho, e uma no final do século XX com o advento da tecnologia da informação.

Surge uma nova onda de mudanças, ou como chamaram os alemães na feira de Hannover, em 2011, a Quarta Revolução Industrial, que também foi tema do Fórum Econômico Mundial (FEM) em Davos em 2016. Esta possível revolução ganhou um relatório do FEM, onde detalha as mudanças que ela traz para a economia mundial.

Estima-se, no relatório, a perda de mais de sete milhões de empregos, mecanizados e rotineiros, que podem ser facilmente substituídos por softwares. Estes números podem ser corroborados pelo artigo dos professores da Universidade de Oxford, Carl B. Frey e Michael A. Osborne, que buscam atestar empiricamente a probabilidade de algumas profissões serem computadorizadas. Eles produziram uma lista com 702 profissões e suas probabilidades de serem computadorizadas.

O estudo, focado no mercado de trabalho norte americano, estima que destas profissões listadas, 47% delas possuem alto risco de automatização. Dentre as que possuem baixo risco, destacam-se cientistas, diretores e gerentes, e demais profissões que necessitam de criatividade e habilidades sociais. Ou seja, as profissões que os robôs ainda não ameaçam, são exatamente aquelas que necessitam de maior grau de educação.

Trazendo este estudo para o Brasil, percebe-se que o risco também é grande, levando em consideração que nos últimos anos a maioria dos empregos criados exige baixa qualificação (SABOIA, 2014).

O que tem definido todo o processo nascente da IV RI é a inovação. Teremos cada vez mais inovações e a tecnologia terá uma importância cada vez maior na vida em sociedade. Ou seja, as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) tendem a ter um papel ainda maior no crescimento e desenvolvimento dos países.

Enquanto isso, os números brasileiros relacionados à pesquisa e educação precisam de melhora. Nas notas das provas do PISA de Matemática, Ciências e Leitura, estamos atrás da média da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Podemos observar, também, o número de pesquisadores no mercado de trabalho. Enquanto nos EUA e na Coréia do Sul temos aproximadamente nove pesquisadores a cada mil pessoas na força de trabalho, no Brasil esse índice é um pouco maior que um. O investimento em P&D também não tem sido tão crescente quanto deveria. Enquanto a economia cresceu 27% entre 2002 e 2008, o investimento em P&D cresceu apenas 10%.

Toda essa defasagem nos torna um país pouco competitivo no mercado internacional. Em outro relatório do FEM, agora voltado para competitividade global, o Brasil aparece em 75º lugar em uma lista de 140 países. Dentre os 140 países, se considerarmos apenas os Brics, o Brasil aparece e último lugar. A não atualização para os novos métodos e tecnologias do mercado internacional pode nos fazer ser ainda menos competitivos.

Aqui, devemos prestar atenção. O processo de mudança trazido pela IV RI não é endógeno a uma ou outra economia. Na verdade é um processo formado pelo movimento de várias instituições diferentes de forma dinâmica e não controlada. O que isso quer dizer? Que não podemos escolher passar ou não por este processo. O que podemos escolher é nos preparar ou não.

Para nos tornar adequados aos novos caminhos, é necessário um planejamento para aumentar os índices de educação, infraestrutura e ambiente de negócios, tornando o país mais amigável à inovação.

Caso continuemos deixando tal planejamento de lado, existe a probabilidade de termos uma taxa de desemprego crescente devido à extinção de alguns postos de trabalho e, além disso, nos tornarmos um país extremamente tecnologicamente defasado em relação aos países centrais.

A discussão que fica, porém, é sobre como faremos esta transição. Cabe o pensamento sobre os caminhos que poderão nos levar a um padrão de vida mais elevado. O momento ruim que passamos agora é excelente para rediscutirmos tudo que sabemos e, principalmente, o que achamos que sabemos sobre o Brasil.

 
 
 

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