Economia x Política
- Igor Paim
- 23 de jan. de 2017
- 3 min de leitura

É muito improvável que você encontre um grupo de amigos falando sobre assuntos relacionados a estudos da física, química, matemática etc. E isso é compreensível. Estes são assuntos extremamente técnicos e complexos. Porém, ao contrário disso, nós temos inúmeras pessoas que falam com autoridade sobre economia. O que torna este fato muitas vezes incompreensível é que elas não levam em consideração que os assuntos econômicos também são extremamente complexos. Talvez até possuam uma complexidade maior que estudos de física e matemática por um simples fato: Além de alguns conceitos matemáticos e estatísticos, tem-se que lidar com a maior causa de problemas econômicos, que é a ação humana.
Acredito que um dos maiores problemas do Brasil seja a falta de conhecimento das pessoas sobre os princípios da economia. Não se fala sobre isso na escola – retirando-se raras e felizes exceções- em nenhum momento. O jovem vai aprender sobre economia apenas na faculdade, e se este for de um curso não ligado a finanças, possivelmente irá passar pelos conceitos econômicos básicos sem os entender de verdade.
Não irei tratar sobre estes conceitos aqui. Precisarei apenas separar o primeiro conceito (e que move os estudos econômicos), pois a falta de conhecimento sobre ele gera problemas em outra área amplamente discutida e importante: Política.
O conceito básico da economia é a escassez. Este conceito se deve ao fato de os desejos humanos serem praticamente infinitos e os bens escassos. Esse é o maior principio da economia e também o mais ignorado. Como disse Thomas Sowell: “A primeira lição da economia é a da escassez: nunca há uma quantidade suficiente de alguma coisa de modo a satisfazer todos que a desejam. Já a primeira lei da política é ignorar a primeira lição da economia”.
As duas leis nós podemos ver facilmente. A escassez é visível. Qualquer observação, por mais superficial que seja, e podemos observar que simplesmente não tem como ter tudo, para todo mundo.
A lei da política também é fácil observar. Pegue qualquer propaganda política e você verá todas as promessas de políticos que simplesmente desconhecem ou ignoram a lei da escassez. Toda eleição as promessas são as mesmas: Escola de boa qualidade, de graça e pra todo mundo. Hospital bom, de graça e pra todo mundo; e a cereja no bolo é a promessa que tudo isso será de graça.
O problema dessas promessas é que elas são vazias. Talvez não na intenção, mas na prática. Serviços públicos de boa qualidade são possíveis? Sim. Para todos? Talvez. De graça? Não. Para tudo na vida existe um custo, seja financeiro, emocional, físico ou até mesmo espiritual, mas existe um custo.
O governo, para oferecer os serviços públicos precisa de recursos. O problema é que o estado não gera riqueza. Todo capital do governo é conseguido através da apropriação da riqueza de seus cidadãos pelos inúmeros impostos existentes. Portanto, se o governo quer construir uma escola ou um hospital, ele irá usar o dinheiro de todos esses impostos recolhidos. Ou seja: Você está pagando!
Toda essa questão se torna um pouco mais grave no Brasil pela imensa carga tributária do sistema brasileiro. Mesmo que o grande público não entenda, ou não se atente para questões econômicas, todos se perguntam: Se pago tantos impostos, por que recebo serviços públicos precários?
A principal causa é a má gestão dos recursos públicos. É perceptível que a maioria das repartições públicas é um ralo de dinheiro. Além da evidente corrupção, temos uma ineficiência crônica no funcionalismo público. A solução encontrada normalmente é mais investimento, ou seja: Mais dinheiro injetado em um lugar que não sabe (ou não quer) gerir bem esse dinheiro.
Se o discurso dos políticos é tão mentiroso assim, porque sempre continuam com ele? Porque a maioria das pessoas nunca parou pra pensar na escassez. E isso não é culpa apenas do brasileiro. O ser humano em geral tem um desejo por coisas praticamente infinito. O político promete porque existem pessoas que querem acreditar. Se você sair na rua perguntando se é possível que serviços públicos sejam para todos e de graça, pouquíssimos irão dizer que não. Além disso, no Brasil temos uma cultura política extremamente paternalista, onde o governo chama para si a responsabilidade por buscar a felicidade de seus cidadãos. Isso gera uma bola de neve onde quanto mais o governo promete, mais as pessoas exigem e mais o governo entrega coisas precárias, fazendo as pessoas exigirem mais.
Enquanto o brasileiro continuar pedindo ao estado, mais ele dará. Porém lembre-se, o estado te cobra por tudo que te “dá”. Mesmo que ele te “dê” coisas ruins.
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