Índice de Gini e sua importância
- Thamires Dias
- 1 de mai. de 2017
- 4 min de leitura

Já ouviu falar sobre o índice ou coeficiente de Gini? Sabe para o que ele serve e sua importância?
O Índice de Gini é o mais conhecido instrumento para a mensuração das condições de renda das populações, pois ele mede a desigualdade social de um determinado país, unidade federativa ou município, mostrando a concentração de renda.
De onde veio?
Quem criou esse índice foi o matemático italiano Corrado Gini em 1912, onde ele publicou no documento "Variabilità e mutabilità" (Variabilidade e mutabilidade) e tinha a proposta de medir a desigualdade de renda das pessoas de uma determinada região e posteriormente esse método foi usado para área da educação para medir a desigualdade de educação da população. Posteriormente ainda o índice foi adaptado para medir qualquer distribuição.
E como ele funciona?
Consiste em um número entre 0 e 1. O número zero é uma completa distribuição de renda em determinada localização (imagine um lugar onde toda população tem a mesma renda), e o número um representa uma completa desigualdade onde somente uma pessoa tem toda a renda e as outras não tem mais nada. O zero de desigualdade parece bom, não é verdade? Quem não quer morar em um lugar onde todos ganhem a mesma coisa? (se você disse “EU”, calma, eu vou explicar) Suponhamos que em um determinado município só existam quatro pessoas e que todas trabalhem na mesma empresa: Ana – Diretora; Flávio – Gerente; Bruna – Assistente; Thiago – Recepcionista

Só que precisou haver corte de salários e apenas os mais altos foram cortados.
Sendo assim os mais altos foram reduzidos e podemos observar consequentemente uma queda do índice de Gini, pois a desigualdade caiu.
Agora vem a questão: Caiu, pois a desigualdade diminuiu, porém simplesmente que ganhava mais hoje ganha mesmo e houve uma que de 64% na renda real.

Olhando apenas para o índice não podemos definir se a sociedade está mais igualitária ou não.
Vamos verificar como esse índice está no Brasil e no mundo de acordo com os dados mais recentes

Fonte: Banco mundial. Dados de 2013
Atualmente o Brasil ocupada a posição do 10º país mais desigual do mundo e o 4º da América Latina, à frente de países como Chile e Colômbia. De acordo com a ONU, o percentual de desigualdade de renda no Brasil é de 37%.
Brasil

Fonte: PNAD/IBGE
Nesses anos, não somente a desigualdade de renda caiu, mas também o nível de pobreza e entender essa análise é importante para entender as oscilações do índice como algo realmente bom ou não, principalmente em países emergentes como no Brasil. Programas como o Bolsa família e o Brasil sem miséria contribuíram para a redução e a queda em níveis cada vez mais baixos se devem a diversos fatores e um deles é a crise econômica.
Importante também deixar claro que a falta de investimento em educação influência para uma real mudança na desigualdade a longo prazo, Afim de que a população não precise mais de transferências de renda, por uma facilidade maior ao se inserir no mercado de trabalho.

Fonte: PNAD/IBGE
Rendimento médio mensal das pessoas ocupadas entre 2004 e 2015, descontada a inflação, que nos mostra como é impactada uma desigualdade de renda.
Aplicação
O que é feito após saber que o índice de Gini está preocupante?
Quando se analisa o índice de Gini, é possível usar como um dos indicadores para que o governo realize programas de transferência de renda. É preciso ainda que sejam vistos crescimento econômico, renda per capita, índice de desenvolvimento humano e principalmente o nível de pobreza do grupo analisado para evitar conclusões imprecisas. É preciso saber se a transferência de renda vai realmente diminuir a pobreza ou se vai desmotivar um crescimento através de outras formas de renda, por conta da acomodação de um programa governamental (conhecido como efeito preguiça).
Também é necessário identificar os determinantes que mais influenciam o comportamento da pobreza para decidir a melhor medida e diminuir a desigualdade.
Existe quem defende e quem condene a aplicação, porém este artigo busca mostrar dois lados, com a importância de sua análise para uma real noção do que acontece na economia.
Um alerta importante
“O coeficiente de Gini representa o grau de concentração da renda do trabalho (assalariado ou não) e das transferências sociais. Não leva em conta resultados de variações patrimoniais (vendas e compras de bens imóveis) nem de rendas oriundas de aplicações financeiras, que, se fossem contabilizadas, revelariam desigualdade ainda”. Diz o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Jan Bitoun.
Cada segundo que a tecnologia evolui, a especialização se faz mais necessária e nesse mesmo segundo, milhões pelo Brasil ficam para trás devido à carência de acesso a uma educação de qualidade. A todo tempo quem é pobre só se vê mais pobre a concentração de renda só aumenta para aqueles que têm chances e as mesmas condições.
Acho que, sinceramente, não precisamos saber todos esses números para entender desigualdade. Durante o nosso dia basta olhar para os lados e nem digo propriamente os moradores de rua, mas basta obsevar a idade, por exemplo, daqueles que estão trabalhando em condições difíceis, como senhores que carregando carrinhos pesados com suas mercadorias, enquanto a maioria caminha para o trabalho onde passam boa parte do dia sentados com todos os confortos de um escritório. Podemos ver quando existem crianças vendendo bala no sinal, e temos em nossa família as que apenas brincam e fazem suas tarefas da escola, como deve ser.
Então para que escrevi sobre isso dentre todos os temas que podiam ser abordados?
Escrevi para que possamos entender como as políticas públicas funcionam e como em tese elas são baseadas, em relação da distribuição de renda.
Escrevi para que quem hoje estuda sobre, possa ter aqui uma noção mais simples da aplicabilidade. Escrevi para que isso seja mais visto e mais questionado por todos nós.
Mudar esses índices é mais do que só ser bem visto em estatísticas, é ver ao nosso redor uma sociedade com direitos iguais e mesmo que nem todas façam bom uso de suas oportunidades, merecem a chance de poder ter uma vida digna.
Fonte: IBGE, Banco Mundial
O Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, é uma ferramenta crucial para entender a distribuição de riqueza em um país. No Brasil, o Índice de Gini é de aproximadamente 0,53, um dos mais altos do mundo. Isso indica uma desigualdade significativa, onde os 10% mais ricos detêm cerca de 42% da renda total. Apesar de algumas melhorias nos últimos anos, a desigualdade continua a ser um desafio crítico. Políticas que promovam inclusão social e econômica são essenciais para reduzir essa disparidade e promover um crescimento mais equitativo e com a roda do consumo reativada e com uma economia sustentavel e real.